Uma Igreja missionária – Atos para hoje: Louvar/Elogiar” (At 16.25)

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IGREJA PRESBITERIANA DE APIAÍ
PLANEJAMENTO PASTORAL – SERMÕES TEMÁTICOS
NOVEMBRO/2023
Rev. Mateus Lages
Tema anual: Uma Igreja Missionária Atos para hoje:
Dia 05/11: Santa Ceia - “Uma Igreja missionária – Atos para hoje: Cantar/louvar” (At 16.25)
Propósito temático: Afim de nos capacitar com ferramentas bíblicas que conduzam no reconhecimento da nossa missão a partir da nossa salvação em Cristo, bem como o nosso vínculo familiar com o Pai do nosso Senhor Jesus Cristo e Sua Igreja, temos aprendido pelo tema “uma Igreja missionária – Atos para hoje” com a proposta de expormos alguns textos do livro de Atos e aplicá-los em nossa vida comunitária para que aprendamos duas lições importantes: 1) tal como o Espírito Santo agiu naqueles crentes de modo gradual e constante, assim também age em nós; e, 2) todos aqueles que Jesus chama ele também envia.
INTRODUÇÃO/CONTEXTO
“Quem canta seus males espanta”, é o que diz o ditado popular. Porém, hoje se sabe que dependendo do ritmo e letra da canção, pode-se também atrair males. Não digo que pode-se atrair o diabo e seus demônios, até porque a Palavra de Deus diz que ele já está próximo de nós, neste mundo que jaz no maligno (1Jo 5.19) e ao redor como leão (1Pe 5.8), mas emoções e pensamentos sem quaisquer benefícios.
O canto sempre fez parte da humanidade. Na Escritura, temos muitos cânticos, danças e festividades registradas. Na canção para as crianças ensinamos que Miriã, irmã de Moisés e o rei Davi cantaram e dançaram ((Êx 15.20-21; 2Sm 6.12-15) e não deveria ser escandaloso pensar que numa festa de até 7 dias, Jesus, Maria e alguns discípulos festejaram e se alegraram nas Bodas de Caná – um casamento (João 2.1-12).
Diante do que a Escritura nos conduz a perceber, notamos na história da Igreja a importância das canções. Canções são compostas para expressar sentimentos do coração. O livro dos Salmos deixa isso evidente. Tristezas e lamentos, inclusive, são depositados diante do trono de Deus por canções compostas pelos variados salmistas. E assim também aconteceu em nossa história eclesiástica. Depois da Reforma Protestante, comemorada em 31 de outubro, algumas coisas sobre a música na Igreja mudaram. Temos acesso a relatos de como os reformadores trataram o cântico na Igreja como uma parte importantíssima na Liturgia.
No livro A Liturgia Reformada, de Charles W. Baird, registra-se que o reformador João Calvino em Genebra, na Suíça, preocupado em não comprometer a autoridade e inspiração da Escritura nas letras das canções que entoavam na Igreja, determinou que os salmos fundamentassem o louvor e ações de graças através da condução da congregação por meio dos corais.
Também sobre o uso da música na Igreja reformada do século 16, Rev Hermisten Maia no prefácio do livro A Igreja e a música no Culto de Filipe Fontes e João Almeida, comenta que para os reformadores “cantar significava fixar as Escrituras” a luz de Dt 31.19: “Escrevei para vós outros este cântico e ensinai-o aos filhos de Israel;”.
Então, Calvino preocupou-se com “o poder da música para agitar as emoções do ser humano”. Rev Hermisten destaca seu comentário sobre o Salmo 13.6 "Cantarei ao SENHOR, porquanto me tem feito muito bem" mostrando como essa preocupação é biblicamente importante, uma vez que “o ato de cantar, além de refletir a nossa fé, também tem uma conotação de lembrete e estímulo espiritual” de modo que “uma fé que se expressa em cântico se fortalece do seu próprio conteúdo proveniente da Palavra de Deus”.
Assim, a música no culto não tem como propósito principal torná-lo belo para Deus ou agradável ao ser humano, mas louvar/elogiar a Deus enquanto instrui o ser humano sobre o ser de Deus e seus feitos.
Uma última citação, antes de ingressarmos no texto bíblico propriamente, está no livro Cante, de Keyth e Kristyn Getty. Em seu primeiro capítulo Criados para cantar, com o objetivo de ensinar o motivo pelo qual cantamos e a alegria e santo privilégio de poder cantar, afirmam: “Somos todos cantores. Poder ser que nem todos sejam bons cantores, mas somos todos criados para cantar. [...] cantar não é um mero subproduto da intenção de Deus de nos fazer criaturas falantes. É algo que fomos projetados para sermos capazes de fazer.
Talvez, você faça parte do grupo que diz: eu não consigo cantar. Saiba que Deus está muito menos preocupado com sua afinação do que com sua integridade. O cantar cristão não começa nos lábios, mas no coração: “mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais,” (Ef 5.18B-19).
Diante disso, não despreze as músicas nem subestime seu poder de persuadir tanto para o bem quanto para o mal. Por isso, filtre as canções que você ouve para que seu coração seja ministrado por coisas belas e cristãs ou por coisas más e anticristãs.
Além disso, por ser cristão, cante. Cante em casa, cante na Igreja. Cante com o coração. Cante em comunidade. Faça isso em tempos bons ou em momentos difíceis como foi o caso de Paulo e Silas.
Vamos ao tema: Atos para hoje: Cantar/louvar” (At 16.25)
Os primeiros versículos do capítulo relatam Paulo chegando em Derbe e Listra, cidades da região da Galácia, a quem escreve a Epístola aos Gálatas. Lá conhece o jovem Timóteo, de quem davam bom testemunho e segue em viagem com Paulo (1-5). Depois Paulo sendo conduzido à Macedônia pela visão de alguém pedindo ajuda (6-10). Então em Filipos, a conversão e batismo de Lídia e de todos de sua casa (11-15). Então, o trecho imediatamente anterior ao texto de hoje, Lucas relata uma jovem adivinhadora que seguia Paulo e nós. Nós, quem? O próprio Lucas, certamente, Silas, que será preso com Paulo e, talvez, Timóteo.
Se você conhece alguém que tem a fama de prever o futuro das pessoas, este texto bíblico revela que isso é pecado. A Lei de Deus em Dt 18.10 proibe isso entre o povo de Deus e aqui, temos o texto do NT onde isso é relacionado a um espírito maligno. Ao ordenar que o espírito adivinhador saísse da jovem, os donos daquela feiticeira perderam sua fonte de lucro, e, irados, levaram Paulo e Silas até autoridades. Lembremos que eles não estão em território judeu. O império governante é romano e a região é prioritáriamente grega (Filipos, Tessalônica e Corínto) na região da Macedônia.
Ali, o Pentateuco não tem voz e o que foi revelado ao povo de Israel não é lei. Por isso, a argumentação do versos 20-21 fez sentido para a multidão que se levantou contra Paulo e Silas: "Estes homens, sendo judeus, perturbam a nossa cidade, 21propagando costumes que não podemos aceitar, nem praticar, porque somos romanos."
O poder que teve autoridade sobre forças espirituais reside em Jesus Cristo. Ainda hoje existem pessoas que ficam perturbadas com a pregação sobre o poder de Jesus Cristo. Tal como hoje, para que houvesse exorcismo, precisou haver pregação. O poder que causou cura espiritual e física residia na mensagem. Isso causou perturbação. Por isso, antes de serem presos pelos pés em um tronco, Paulo e Silas foram açoitados. Isso foi marcante.
Um estudioso bíblico comenta que:
Paulo ficou realmente assombrado. Em 2Coríntios 11.23–27, ele relembra cinco vezes os 39 açoites, três vezes com varas como essa, e várias outras punições severas que haviam sofrido em nome de Cristo. Não é de surpreender que ele teve um efeito poderoso em seus companheiros. Nele, Deus realmente tinha um gigante espiritual que deveria servir de inspiração para todos nós.
Com as costas sangrando após a severa sessão de acoites a que foram submetidos, e com os pedaços de roupas simplesmente jogados sobre suas feridas, eles foram acorrentados nas paredes sujas da prisão dos filipenses e largados por lá (16.23–24). Seria difícil imaginar um cenário mais desalentador, com as feridas sem tratamento algum, as costas sangrando, e presos. Eles estavam sendo tratados como os piores criminosos e praticamente deixados para apodrecer na cadeia. É difícil saber por que o carcereiro-chefe teria de colocá-los na célula interior, geralmente usada para os criminosos perigosos, mas ele havia sido instruído para que os guardassem com a máxima segurança, indicando que se tratava de uma grave situação. Possivelmente por causa de suas exibições de poderes miraculosos, eles foram julgados como feiticeiros perigosos e, portanto, necessitavam de atenção especial.
Aqui entra nosso tema de hoje. Uma Igreja missionária louva. Irmãos, louvor é muito mais que cantar. A palavra se origina do termo elogio. Mais formalmente falando, implica em enaltecer. Fazer isso para com Deus é o mínimo que podemos, enquanto também é nosso dever: "Bom e amável é cantar louvores ao nosso Deus; fica-lhe bem o cântico de louvor." Sl 147.1. Contudo, aprendemos mais do que o privilégio do canto na a atitude desses cristãos presos. Eles podiam cantar na prisão porque sabiam que independentemente de estarem livres ou acorrentados, pertenciam ao Deus criador de tudo.
O que deve ter surpreendido a todos na prisão é que esses prisioneiros, severamente machucados, em vez de gemerem e gritarem de dor, ficavam “orando e entoando hinos a Deus” (16.25), na total escuridão e miséria da noite. Não é surpresa alguma que todos na prisão “os ouviam”. Seus corpos podiam estar devastados, mas seus espíritos se elevavam na adoração ao Deus que os considerara dignos de sofrerem afrontas por seu Nome” (5.41). Em vez de questionarem Deus por permitir que eles passassem por esses apuros, estavam agradecendo a ele por esse privilégio.
Não que estivessem contentes de estar lá. Certamente desejam ser libertos. Mas ainda se regozijavam no Senhor enquanto havia somente tribulação. E nós, irmãos? O que temos feito e como temos reagido diante de circunstancias muito menores que essas? O louvor está sempre nos seus lábios? Salmo 34.1-3
CONCLUSÃO/APLICAÇÃO
Concluindo, aprendemos hoje que uma Igreja missionária louva/elogia, ou seja, exalta o ser e as obras de Deus para servi-lo mesmo diante das aflições.
Mas seriam Paulo e Silas nossos exemplos? Jamais. Em Mateus 26, registra-se a última Ceia, quando, depois de dar novo significado aos elementos da Páscoa judaica, Jesus Cristo ensina que o pão e o vinho são seu corpo e seu sangue oferecidos em resgate de muitos ele e seus discípulos cantaram um hino. Aprendemos com Cristo que o momento de louvar é em todo tempo.
Somos missionários, irmãos. Nossa confiança em Deus é o que nos move. As circunstâncias sempre são alteradas, mas nosso Deus continua soberano. Isso fez com que Jesus cantasse um hino com seus discípulos ao notificá-los sobre seu sacrifício, mas também o fez se alegrar nas bodas de Caná com Maria e alguns amigos. Quem governa nossos dias é nosso Deus. Que seu governo também nos mantenha esperançosos, confiantes e cantores.
SANTA CEIA: 1Co 11.23-26 (Mt 26.17-30)
Hino 42 – O grande amor de Deus
ORAÇÃO FINAL E BÊNÇÃO
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